Notícia Lecar 459 é o vencedor do Pinóquio de Ouro 2024!

O senhor Flávio Figueiredo Assis, que tornou-se milionário no negócio de cartões de crédito especializados, vendeu a empresa (a Lecard) e criou outra, sem o “d”, para realizar o sonho de fabricar seu próprio automóvel. Estava criada a Lecar. Que até poderia se viabilizar caso o sr. Flávio fosse produzir um jipe, buggy, ou esportivo. Algum modelo de nicho que não interessa às grandes fábricas nem exige bilhões de dólares de investimento.

Mas ele sonha mais alto, anuncia o “primeiro carro elétrico nacional’, intitula-se o “Elon Musk brasileiro”, vai instalar fábrica no Rio Grande do Sul, mandar o Lecar 459 em fevereiro (de 2024) para homologação em Londres, iniciar as vendas neste mês de dezembro pelo preço de R$ 279 mil e atingir a produção de 50 mil unidades anuais.


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Neste meio tempo, candidata-se a concorrer com a BYD na compra da fábrica que a Ford fechou em Camaçari, na Bahia. De Caxias do Sul, mudou a sua para o Espirito Santo. Agora, ao perceber as dificuldades para instalar uma planta, anuncia que as , para “acelerar o projeto”. Não satisfeito, o sr. Flávio insiste nas inverdades e anuncia que vai receber recursos de R$ 3 bilhões do governo.

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Flávio Figueiredo Assis...
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E a primeira versão de seu Lecar 459
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Segundo a Lecar, o 459 híbrido terá propulsão a partir de um motor elétrico de 163 cv, mas a energia será gerada por um motor semelhante ao do Kardian
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Lecar não deu dados sobre as baterais do 459, mas promete 1.000 km de autonomia combinada
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As mentiras, uma por uma​

  1. Ao contrário de Elon Musk, que tem dinheiro para montar quantas fábricas de automóveis quiser, ele confessou que recorreria ao lançamento de ações (IPO) para angariar recursos necessários para seu projeto;
  2. Ninguém homologa um carro, testa os protótipos e monta uma rede de concessionários em dez meses;
  3. Logo descobriu que não iria longe com um elétrico e . E, teve seu preço reduzido à metade: R$ 143 mil;
  4. A fábrica não será mais em Caxias do Sul (RS), nem no Espirito Santo: os carros serão produzidos por alguma fabriqueta chinesa;
  5. Leva seu projeto ao vice-presidente Geraldo Alckmin para anunciar que só um sedã é pouco e, assim como Elon Musk, vai produzir também uma picape. Que não será Cybertruck como a de seu “xará”, mas CyberCampo…
  6. O governo da Bahia, consultado, informa que a empresa Lecar não tinha protocolado a documentação mínima exigida para participar da licitação e bateu o martelo da fábrica da Ford para a chinesa BYD.
  7. Vai receber R$ 3 bilhões do governo? Uma noticia espantosa, se fosse verdadeira: não virá sequer um centavo dos cofres públicos. Num habilidoso jogo de palavras, o que o sr Assis obteve foi a habilitação da Lecar ao programa governamental de mobilidade verde, chamado Mover.

Mas e os R$ 3 bilhões? Ahhh! São seus cálculos do montante de tributos que sua fábrica deixaria de recolher aos cofres públicos quando estiver em plena operação. Se entrar mesmo em operação, se produzir mesmo no Brasil (e não na China) e se forem mesmo produzidas e faturadas as dezenas de milhares de unidades anuais anunciadas. A Lecar teria então uma isenção de parte dos impostos (IPI, Pis/Pasep,Cofins) devidos.

O que o sr. Flávio Figueiredo Assis faz com enorme competência é divulgar cada passo que dá e se aproveitar do interesse de jornalistas (mal-informados) que abrem espaço em seus canais para prestigiar uma empresa brasileira como player no mercado automobilístico.

Não imaginam a complexidade e o volume de recursos exigidos para se construir e colocar para funcionar uma fábrica de automóveis com capacidade que chegaria a 50 mil unidades anuais em 5 anos.

Se conhecessem melhor a história da indústria automobilística brasileira, saberiam de vários outros empresários com o mesmo sonho de produzir o próprio carro: a IBAP na década de 1960 que produziu 5 (cinco) unidades do Democrata, a “Obvio” que lançou o compacto 828 em 2001 e ainda tenta produzir caminhões elétricos até hoje.

A Bravo Motors de um empresário argentino que promete veículos elétricos há anos, desde que consiga R$ 25 bi de investidores.

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Um dos supostos carros da Bravo Motors
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E o fracassado Obvio

Reserva, um caso de policia​


Mas teve também a “cereja do bolo”: enquanto o sr. Assis estiver apenas ganhando espaço gratuito na mídia ao convencer a imprensa de que vai produzir seus automóveis, só se perde espaço e credibilidade. Mas sua audácia levou-o além: anunciou a pré-venda com sinal de R$ 1.300 para os interessados em reservar carros do lote inicial de 1.000 unidades.

Esqueceu-se de combinar esta mentira com seu diretor de marketing que afirmou terem surgido . Mas Flávio anunciou que “devido ao sucesso do plano”, está lançando o segundo lote de outras 1.000 unidades. Aí, a mentira que não prejudicaria ninguém vira caso de policia e o Ministério Público já está investigando o caso.

 
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