Com novo motor 1.0 turbo e câmbio CVT, Fiat Pulse destaca-se em tecnologia e eficiência para concorrer com Nivus e Tracker
Não é exagero dizer que a Fiat chegou atrasada ao mercado de SUVs. Afinal, a marca líder de vendas no Brasil em 2021 é a última a finalmente ter um representante nacional no segmento com a estreia do Pulse. Após tanta espera, quais as credenciais do modelo (além do ) para se destacar na disputada categoria, que já representa mais de 32% do mercado brasileiro de carros novos?
É verdade que o Pulse não é o primeiro SUV da marca a ser vendido por aqui. No passado, a marca já se aventurou com o importado Freemont, um médio de nicho derivado do Dodge Journey. E também já cogitou a venda do , que chegou a ser exibido ao público no último , em 2018. Nenhum dos dois, entretanto, teria capacidade de conquistar o que a Fiat almeja com o inédito modelo: volume. Apesar de não revelar números, a marca espera disputar a liderança dos utilitários esportivos compactos (B-SUVs).
A demora em lançar um representante no segmento também pode ser relacionada à preparação e estudo pela então FCA (hoje Stellantis) para que o modelo não surgisse como uma rival direto do primo Jeep Renegade, além dos novos parentes da então PSA, e . Por isso, ao invés de utilizar a plataforma Small Wide (a mesma dos Jeep nacionais e também do 500X), o ponto de partida para o modelo produzido em Betim (MG) foi a nova base modular MLA.
Ainda que a Fiat tente negar, na prática a de Argo e Cronos, respectivamente. E isto, de fato, não é nenhum demérito, já que os compactos ocupam posição de destaque em seus segmentos. Em relação à dupla, o Pulse ganhou novas suspensões dianteira e traseira, sistema de direção específico, nova arquitetura eletrônica, novo assoalho, sistema de freios aprimorado e novas estruturas de bancos na cabine, além de maior utilização de aços nobres (de ultra-alta e alta resistência).
O Pulse possui 4.099 mm de comprimento, 1.774 mm de largura, 1.579 mm de altura e 2.532 mm de distância entre eixos. Para efeito de comparação, o Argo Trekking possui, na ordem: 3.998/1.724/1.568/2.521. Apesar de a fabricante divulgar porta-malas com capacidade para 370 litros, o padrão de medição é novo, do tipo líquido. Isso torna o dado mais otimista do que o divulgado para a linha Argo, que é de 300 litros pelo método VDA. Pessoalmente, a impressão de que o porta-malas do Pulse possui basicamente o mesmo volume do hatch.
Nova cabine e equipamentos exclusivos
Ainda que utilize as mesmas estamparias de portas e o para-brisa do Argo (como ocorre com as duplas Polo/Nivus e Fit/WR-V), o Fiat Pulse recebeu atenção especial na cabine. Todo o interior é exclusivo do modelo, o que inclui painel com saídas de ar horizontais, nova almofada para o volante, quadro de instrumentos digital na versão de topo, painéis de porta redesenhados, novos bancos e console central. A marca diz ainda ter aprimorado os sistemas de direção, ar-condicionado e arrefecimento do modelo.
O novo desenho interno aproxima o Pulse do estilo visto em modelos como o Fiat Tipo europeu e o . A qualidade percebida do novo projeto nacional aparece em itens como a cobertura para os trilhos dos bancos e o ajuste do tipo milimétrico para a inclinação do encosto (embora o acionamento continue por alavanca). Apesar da boa aparência e encaixe dos plásticos, não há material emborrachado no painel ou nas portas (com exceção do apoio de braço).
A sensação de espaço na dianteira é até melhor do que em Argo e Cronos, graças ao desenho mais recuado da tampa do porta-luvas. Por falar em porta-objetos, os 18 nichos na cabine somam volume de 25,1 litros, segundo a Fiat. Na traseira, a área para pés, joelhos e ombros também é semelhante à do Argo, com túnel central baixo (mas não plano).
A estreia da plataforma MLA permitiu ao Pulse receber equipamentos inéditos na comparação com Argo e Cronos, como quadro de instrumentos totalmente digital, alerta de colisão, sistema de frenagem autônoma de emergência, alerta de saída involuntária de faixa com correção do volante, comutação automática do farol alto e central multimídia com espelhamento sem fio e conexão 4G nativa.
O modelo estreia em cinco versões, com três níveis de acabamento (Drive, Audace e Impetus) e preços que variam entre R$ 79.990 e R$ 115.990. .
Estreia do motor 1.0 turbo
O cuidado com os detalhes no projeto do Fiat Pulse poderiam ir por água abaixo se o modelo estreasse com o antigo e pouco eficiente motor 1.8 flex E.TorQ. Ao invés dele, a Stellantis reservou ao modelo a estreia do inédito 1.0 GSE turbo flex, de 3-cilindros, que produz 130/125 cv de potência (E/G) a 5.750 rpm e 20,4 kgfm de torque a 1.750 rpm com qualquer um dos combustíveis.
Acoplado ao motor turbo está um novo câmbio automático do tipo CVT, fornecido pela Aisin, com simulação de 7 marchas. Além do 1.0, o Pulse é vendido nas versões de entrada com motor 1.3 Firefly aspirado, de 107 cv a 6.250 rpm (2 cv a menos que no Argo) e 13,7 kgfm a 4.000 rpm (com etanol), que pode ser unido ao câmbio manual de cinco marchas ou automático CVT.
Nosso primeiro contato com o Fiat Pulse 2022 ocorreu nas diferentes pistas de testes do Circuito Panamericano, da Pirelli, no interior de São Paulo (SP). Lá, pudemos avaliar as versões Audace e Impetus, ambas com o novo conjunto mecânico formado pelo motor 1.0 T200 e câmbio CVT.
Ao entrar no Pulse Audace, uma surpresa negativa: o ajuste de distância (ou profundidade) do volante só está disponível para a configuração topo de linha, o que dificulta encontrar a melhor posição para motoristas mais altos. Apesar disso, a percepção de espaço é beneficiada pelo teto e colunas internos em cor clara (ao contrário do Impetus, que traz ambientação totalmente escura).
As respostas ao acelerador impressionam, junto com o excelente casamento entre motor e câmbio. A calibração acertada da caixa CVT pouco lembra o funcionamento tradicional de um conjunto continuamente variável, já que simula 7 marchas em qualquer situação (nos modos Drive, Sport ou manual). Em acelerações e retomadas, o Pulse ganha velocidade de forma ágil, sem que isso seja transmitido à cabine em forma de desconforto sonoro. Segundo dados de fábrica, o Pulse 1.0 T200 é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos e chegar à máxima de 189 km/h (com etanol).
A suspensão, que mantém o arranjo McPherson na dianteira e por eixo de torção, na traseira, mantém bom compromisso entre conforto e esportividade. Com 224 mm de vão livre do solo, o Pulse apresenta rolagem contida da carroceria em curvas. Ainda assim, o modelo mostra mais cedo a tendência ao subesterço (saída de frente) do que um Argo Trekking, por exemplo, quando levado ao limite de aderência.
De acordo com dados do , o consumo de gasolina do Pulse 1.0 T200 é de 12 km/l, na cidade, e 14,6 km/l, na estrada. Com etanol, nos mesmos ciclos, as médias são de 8,5 km/l e 10,2 km/l, na ordem.
Além das pistas de asfalto do circuito, pudemos dirigir o Fiat Pulse em uma desafiadora pista off-road. Mesmo sendo um modelo de tração dianteira e com vocação urbana, o utilitário esportivo da Fiat mostrou desenvoltura na terra, encarando sem problemas provas de rampa, inclinação lateral, caixa de ovos (sequência de buracos profundos) e até transposição de trecho alagado.
Os bons ângulos de entrada (20,5º), de transposição (21,3º) e de saída (31,3º) ajudar a evitar que o assoalho entre em contato com o solo. O Pulse conta ainda com ABS off-road e a função TC+, que otimiza os parâmetros do controle eletrônico de tração para uso em terrenos de baixa aderência.
Após tanta espera, a Fiat entra no segmento de SUVs compactos no Brasil com um produto competente, que se destaca pela tecnologia, conectividade, desempenho e eficiência. O Pulse, definitivamente, tem boas credenciais para ser protagonista e batalhar pela liderança no segmento. E o atraso da marca será duplamente corrigido com o lançamento de um segundo SUV com motor turbo, o , já em 2022.
Fotos: Divulgação/Stellantis
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